segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Linguas de Gatos

Uma fresca manhã de um dia útil saborosamente acordado em Coimbra…

Neste dia tinha que ir à Cruz de Celas bem cedinho, o que é muito raro fazer em dias úteis. Muito antes de ter saído de casa já estava “assustada”: “Onde é que vou estacionar o carro?!”, pensava. Dai a pouco lá andava eu “às voltas” à procura de um lugar, à borla, para estacionar (Clarita Patinhas). Acabei por ter que me render: “Clarita, vais ter que pagar o estacionamento”. “Estão mexendo no meu bolso”, dizia “o outro”. Com alguma sorte acabei por encontrar um lugar para estacionar, muito pertinho do sítio onde queria ir mas, no meu porta-moedas apenas “vivia” uma daquelas “moedas” que não gasto para utilizar o carro do hipermercado. “Com esta moeda não me vou safar”, pensei. Como tenho verdadeiro “pânico” de multas (Clarita Patinhas), entrei “a correr” numa mercearia, mesmo ali ao lado. É claro que adorava ter apenas trocado a minha nota mas, também é claro que não me sentia bem por pedir este favor. “Vou comprar Sugus”, pensei. Esta é a guloseima da minha infância e continua a ser a minha guloseimas destes tempos mais adultos, especialmente quando me espera uma viagem de carro e estou com (algum) sono. Dentro da mercearia não encontrei o que procurava e por isso foi tempo de recorrer ao plano B: comprar um pacote de bolachas. Acabei por achar que a variedade era pouca (comparada com o que me habituei no hipermercado lisboeta que frequento) e por isso acabei por comprar umas deliciosas “Línguas de Gato”, marca Triunfo (este é um produto que não se compra em Lisboa). Estava mentalizada para ter um custo de 1,10€ na troca da minha nota (a acrescentar ao custo de 0,50€ de estacionamento). Quando fui pagar esperava-me uma surpresa: “Não tem mais pequeno?”, perguntou a senhora que me atendeu. Primeiro não percebi o que estava a dizer mas, logo de seguida tomei consciência que me estava a pedir dinheiro trocado. Aquela senhora não podia imaginar que aquela compra se destinava apenas a trocar dinheiro e que a minha necessidade de “Línguas de Gato”, àquela hora da manhã, simplesmente não existia. “Não”, acabei por responder sem nenhuma vontade de sorrir (Clarita Patinhas). Quando sai da mercearia encontrei um amigo a quem contei as minhas aventuras para estacionar o carro. Ele disse-me que às vezes também tem que consumir para poder pagar o estacionamento mas, normalmente compra uma garrafa de água. “Solução mais económica”, pensou a Clarita Patinhas.

Sonho com os tempos futuros em que já não teremos carros na cidade. Nesses tempos existirão carros ecológicos que poderemos utilizar de acordo com as nossas necessidades graças a um cartão mágico que “viverá” nos nossos porta-moedas e que terá crédito de minutos de condução. Não, não estou a delirar. Isto é o que se prevê para o futuro (muito próximo) e receio que leve à diminuição das vendas de “Línguas de Gatos”.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Parabéns, Sr. Presidente!

Este texto pretende celebrar os 50 anos da tomada de posse do Pai Augusto Correia como Presidente da Câmara Municipal de Penela. É com muita emoção e com o coração cheio de alegria(s) que partilho com os leitores do “nosso” Região do Castelo uma história (quase) politica que é, simultaneamente, um pouco (muito) da minha história…

O Convite: no final do ano de 1960 o Augusto Correia, jovem engenheiro de Podentes, foi convidado para assumir funções de presidente de câmara. Muito poucas pessoas sabem que, inicialmente, o convite foi para assumir funções em Miranda do Corvo. Á última da hora, houve uma “reviravolta”, e no dia 6 de Dezembro viria a tomar posse como Presidente da Câmara Municipal de Penela. Naquele dia o Augusto foi para a câmara municipal na companhia de dois dos seus melhores amigos (e respectivas esposas). À hora de almoço, para grande surpresa dos seus pais, apareceu em Podentes, para partilhar e celebrar a grande novidade. Os avós Alice e Manuel tiveram uma enorme surpresa e a “avó das sopas” rapidamente preparou uma refeição para o jovem político e seus amigos. Naquele tempo, sem luz, sem frigorífico e sem outras “modernices” dos tempos actuais, não era muito fácil improvisar uma refeição. Tudo se arranjou e tudo correu muito bem.

Acredito que muitos dos meus leitores estão mais habilitados do que eu para falar (e escrever) sobre o exercício do meu Pai como Presidente da Câmara Municipal de Penela pois, eu não sou desses tempos. Tenho apenas uma certeza: não foi fácil gerir os destinos de um concelho com tão pequenos recursos e tão grandes necessidades.

A Família: a nossa história de família tem a sua origem em Penela. A Rosarinho e o Augusto viriam a conhecer-se quando a minha Mãe foi estagiar para a “nossa” vila e ai conheceu o Sr. Presidente. Ás vezes, dou comigo a pensar: “…se o Papá tivesse ido para Miranda eu não estaria aqui.... ou, se calhar, se o Papá tivesse ido para Miranda a Mamã teria ido para lá estagiar…”. Estava “escrito” que a Rosarinho a o Augusto teriam que se encontrar! Tenho a grande alegria de poder pensar (e escrever) que os meus pais viveram 40 anos de uma grande Amizade e de muito Respeito. O seu projecto de vida “nasceu” em Penela…

O Orgulho: o Avô Manuel, a Avó Alice, o Padrinho Padre, a Mamã Rosarinho, a mana Rosarinho, a mana Alicinha, o sobrinho Manuel, o sobrinho Tiago, a sobrinha Maria e eu, sentimos um grande orgulho por o Filho, o Afilhado, o Marido, o Pai e o Avô ter servido o concelho de Penela. Parabéns, Sr. Presidente.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O vestido e…os museus

Acudam-me, preciso de um vestido!
Dentro de duas semanas irei ao Casino Estoril para a Gala com a qual sonho há um ano: vou receber o diploma do meu Mestrado Executivo. Muitas cadeiras depois, chegou a hora de celebrar “em grande”.
A escolha da roupa para aquela noite já deu umas belas gargalhadas…
O plano A era utilizar um vestido daqueles que foram aos casamentos dos meus amigos, há muitos anos atrás. (As minhas “fardas”, como lhe chamava o Pai Augusto). Clarita, passaram uns anitos e já não cabes dentro de nenhum deles. As Marias e eu rimo-nos a valer quando, depois de ter entrado num dos vestidos, quase não consegui sair. O plano B era giro: pedir à mana Alice para ir receber o diploma no meu lugar. Tenho a certeza que a maior parte dos professores e dos meus colegas não notariam a diferença. Tenho a certeza que a mana Alice tem muita roupinha “à maneira” para estes momentos mais formais. Com este plano também já me ri. Clarita, és tu que tens que ir receber este prémio! O plano C é fazer um vestido novo, onde eu entre e saia sem que ninguém se rebole no chão a rir. Este vestido vai ser feito em tempo record e vai implicar a ajuda de muita gente: uma Mãe que comprará o tecido, uma modista que irá costurar em “velocidade de corrida” e uma amiga que transportará o vestido para Lisboa. No meio disto o meu corpinho irá duas vezes as Coimbra: para as medidas e para a prova. Uff!!!
Já sei que no final tudo vai correr muito bem mas, também é verdade que esta gala está marcada há muito tempo e, neste momento, já não precisava de estar a “sofrer” com a “farda”.

Antes de ter tomado a decisão de mandar fazer um vestido fui a muitas lojas procurar roupa para a festa. No último fim-de-semana fiquei em Lisboa para ir às Amoreiras e ao El Corte Inglés. Em conversa com a Mãe tinha-lhe dito: “Vou ficar em Lisboa e de certeza que encontrarei uma roupa maneirinha”. Eu não estava muito convencida do que estava a dizer e a minha Mãe também não devia estar muito convencida do que estava a ouvir. Ainda fui às Amoreiras e como não encontrei nada que me agradasse acabei por passar mais tempo em livrarias do que em lojas de roupa. Fiquei actualizada sobre as últimas novidades de livros e muito feliz por isso. Quando fui ao El Corte Inglés, estava fechado. A verdade é que se não estivesse era mais provável que de lá tivesse saído com um livro do que com qualquer nova peça de roupa. Na noite de Domingo, quando falei com a Mãe, disse-lhe: “Ainda não tenho roupa mas vi livros muito giros”. A minha Mãe, como já me conhece, limitou-se a rir. Se eu pudesse ir à festa do Casino com as minhas calças de bolsos e sapatilhas, estaria muito feliz!!! (E de vestidinho, também estarei).

Hoje, no final do trabalho, fui a um centro comercial em Oeiras. De novo, à procura de roupa. Ainda entrei numa loja e vi uns “trapos” e como já eram horas de comer interrompi a tarefa para jantar. É fácil adivinhar que no final da refeição já era tarde para andar às compras e por isso… fui a uma livraria. Ali, enquanto via alguns livros que estavam em destaque, escutei um desabafo: “Isto é a pior canalha que por cá passou. Reduziram-me a pensão, os medicamentos aumentaram e agora não posso comprar nada”. Este senhor tinha acabado de ver o preço de um livro que parecia interessar-lhe: 35€! Eu…já nem olho para os preços dos livros. Para mim as livrarias transformaram-se em museus: entro, vejo os livros e não compro nada. Como museus, as livrarias agradam-me porque não se paga nada à entrada.

sábado, 20 de novembro de 2010

A correr … e devagarinho

Ando “a correr” e estou feliz por isso. Tenho a noção de que esta frase deve parecer estranha a quem a lê mas, ela não significa o que parece. Não ando numa “lufa-lufa”. Ando, apenas, “a correr” com um fato de treino vestido e com umas sapatilhas calçadas.

Tudo começou no verão passado. Mais uma vez, nessa altura pensei: “Tenho que voltar a ter desporto na minha vida”. Estou muito orgulhosa (não sei quanto mais tempo estarei!) porque desde a paragem de verão tenho tido a motivação, a disciplina e o espírito de sacrifício necessários para conseguir um “espaço” para o desporto, nos meus dias. É giro pensar como a motivação e a disciplina têm ajudado a “aparecer” os minutos que julgava não existirem.

Nas férias corria, pelo menos, três vezes por semana e tudo começou com uma corrida de apenas (?) dois minutos e meio. Recordo, com muita vontade de rir, o primeiro dia em que corri. Depois daqueles longos dois minutos e meio tinha dúvidas se deveria simplesmente deitar-me ou, ir para o Hospital de Santa Maria. Já não me lembrava que era possível ter tanta coisa a doer ao mesmo tempo: pés, joelhos e…todos aqueles músculos que não sabia existirem. Com uma imensa vontade de rir, recordo aquele dia em que andava a correr junto do Rio Mondego e um senhor que se cruzou comigo me disse: “Grande atleta”. Quase sem conseguir respirar, eu respondi: “Já fui”.

Como não podia deixar de ser já existe um livro (uma espécie de diário) onde estão registados os meus treinos. (Hoje fiz o 33º!). Recuperei o livro que utilizava há dez anos em Barcelona e, desta vez, espero que seja para o terminar. Foi muito giro este “velhinho” livro ter-me “aparecido” à frente. O livrinho “catalão” está de volta ao activo!

Tenho corrido em diferentes “pistas de atletismo”: no Alentejo, em Espanha, em Lisboa e em Coimbra. A “pista” mais habitual é em Telheiras e tem a vantagem de ter uma tabela de basquetebol mesmo ali ao lado. É claro que no final de cada corrida a bola sai do carro e divirto-me muito a lançá-la ao cesto. Assim termina, normalmente, o treino.

A correr…e devagarinho passaram os 50 anos da união entre a Nelinha e o Quinzito Luxo. Não há dúvida que aqueles jovens de há 50 anos tinham um projecto de vida a dois, que se baseava em valores muito bonitos: Respeito, Compreensão e muita Amizade. Toda a família e amigos celebra esta bonita união e deseja que a mesma se mantenha por muitos e felizes anos. Parabéns, Tios.

sábado, 23 de outubro de 2010

Ping-Pong

Neta de “merceeiro”, confesso-me com uma “paixão” pelo comércio.
Comecei por vender bolachas, mais tarde vendi dinheiro, material desportivo e roupa. Hoje, tenho a enorme alegria de vender cultura. (Cada vez é maior o desafio!).
O comércio é, para quem gosta. É preciso ter “pica” que poderei “traduzir” por espírito de serviço e capacidade de surpreender os clientes, excedendo as suas expectativas.
Na minha empresa, muito simpaticamente, chamam-me o “dinossauro” do comércio.
É verdade, já lá vão 17 anitos…

Nestes tempos de oportunidades o que ajudará o comércio a ter sucesso é, sem dúvida, a excelência do atendimento. Só deste modo é possível ter uma relação “afectiva” com os clientes e criar vínculos. Cada vez mais os produtos são os mesmos (ou muito parecidos) e os preços estão ajustados. A excelência do atendimento está principalmente dependente de factores comportamentais (soft skills) e não de conhecimentos técnicos (hard skills).

Eis o penoso atendimento num café da minha cidade (onde nunca mais voltarei). Entrei no café e, durante uns minutos, pensei: “Olá, estou aqui e sou cliente. Venho ajudar a pagar o seu ordenado”. A única funcionária que se avistava estava a ler, junto da caixa registadora. Quando finalmente se interessou por mim, eu disse: “Muito bom dia, um sumo de laranja natural e…”, não foi possível dizer mais nada porque a senhora virou costas e foi-se embora. “O que se passa?”, pensei. Percebi depois que a senhora tinha ido fazer o sumo e, voltou dai a pouco com o meu miminho matinal, num copo de papel. Regra de Ouro: pelo preço que se paga, um sumo de laranja natural “merece” ser servido num copo de vidro! “…um croissant com fiambre sem manteiga”, continuei eu sem, de novo, ter tempo para acabar a frase. (Gostava de ter pedido por favor). Desta vez já não me surpreendi: “a senhora foi preparar o croissant”, pensei. Quando voltou “disparou” a pergunta ameaçadora: “Mais nada?!”. Respirei fundo e limitei-me a sorrir. “É verdade, mais nada”. Não sei o que estava à espera que pedisse mais. Eram 10 horas da manhã de uma segunda-feira e eu queria apenas tomar um pequeno-almoço tranquilo. Bastava aquela senhora ter perguntado: “Deseja mais alguma coisa?” para este texto não ter sido escrito. Agradeci, bebi o meu sumo e fui comer o croissant para a rua. A minha paciência estava esgotada e não tinha vontade de ficar nem mais um minuto naquele café.

A semana estava a começar e da minha cabeça não saia um simpático encontro daquela 2ª feira, daqueles que me enchem o coração de orgulho: “Oh Dra., gostei de a ver e quero que venha para aqui para o pé da gente”. Estas foram as generosas palavras do pai de um amigo que reclama o meu regresso a Coimbra. Emocionada recordei as “tardadas” de ping-pong que joguei na sua casa, nos tempos de aluna da Brotero…

sábado, 9 de outubro de 2010

(Não) Sou Estrangeira

Tenho “ar de estrangeira” e, nesta altura do ano, muita gente fala comigo em inglês. É muito divertido!

Em criança, no colégio gozavam comigo por ter o cabelo tão claro. Em casa, perguntava à minha Mãe porque é que era tão diferente das minhas manas. A Rosarinho dava a melhor resposta possível: um sorriso! Os anos foram passando e eu cada vez me divirto mais por ter este “ar estrangeiro”.

Há dias, quando pedia o meu jantar num restaurante do Chiado, escutei: “Como a senhora fala pouco vi logo que era estrangeira”. O “meu” cozinheiro estava muito enganado. Para (não) ajudar à “festa”, no momento de pagar mostrei um daqueles horríveis (?!) cartões de pontos que pretendem fidelizar clientes. A exclamação que escutei foi imediata e, de novo, surpreendente: “Bem me parecia que a senhora apesar de portuguesa não vem a Portugal há muito tempo!”. O meu interlocutor chegou a esta “brilhante” conclusão porque o meu cartão de pontos já não está em vigor há anos. Não valia a pena contrariar: rendi-me! Seria difícil explicar que aquele era apenas mais um cartão perdido na minha carteira. Seria difícil explicar que sou apenas mais uma cliente que o “cartão mágico” não ajudou a fidelizar. Seria difícil explicar que apenas fui aquele restaurante porque o meu preferido estava fechado…

Neste meu verão com uma passagem por Espanha, num bar de praia na companhia de uma amiga sueca, pedi um café no meu melhor “castellano” (muito curioso porque tem uma mistura de sotaque português e catalão). Para minha surpresa, a simpática senhora respondeu-me em inglês. Eu, desiludida com os meus dotes linguísticos, disse-lhe: “Em inglês, não. Eu sou portuguesa e com uma portuguesa não se fala em inglês”. “É portuguesa? Não parece nada”, escutei. Para tornar este episódio ainda mais devastador para o meu ego, tenho que confessar que a minha amiga sueca fez o seu pedido antes de mim, em “castellano” e a senhora não lhe falou em inglês. “Afinal quem é que é sueca aqui?”, perguntei à minha amiga depois da minha derrota.

O episódio mais divertido acontece-me sempre na Alemanha. Quando, em trabalho, vou a este pais, antes de ter a oportunidade de falar algo em inglês, toda a gente fala comigo em alemão. Para me “defender”, aprendi a dizer no meu alemão possível: “ich bin ausländerin” (Sou estrangeira).

terça-feira, 3 de agosto de 2010

13,50 Euro

13,50 Euro foi o preço da minha última viagem. Desta vez dei um passeio ao longo das páginas do livro “Passaporte Viagens 1994 – 2008” maravilhosamente escrito por Maria Filomena Mónica (MFM) e editado muito recentemente pela Alétheia. O itinerário é muito tentador: O Islão Ibérico, Lisboa, Oxford, O Egipto, Porto: A Casa da Música, Istambul, Macau e Hong Kong, Évora: O Bairro da Malagueira, A Inglaterra Literária, Algarve: Being There, Fátima Fora de Horas, Viagem ao Fim da Pátria e Na Terra dos Meus (seus) Avós. MFM foi uma maravilhosa companheira de viagem. A nossa partida foi no dia 14 de Março e por muito pouco corríamos todos estes lugares no mesmo dia!

O Islão Ibérico - “andei de passeio” pela Andaluzia com Maria Filomena Mónica e aí descobri importantes sinais da presença árabe na nossa península. Lisboa - nesta cidade a minha companheira de viagem fez uma coisa muito gira: marcou um quarto num hotel para deste modo poder visitar aquela que é a sua cidade, com olhos de turista. (Seria giro para mim fazer o mesmo em Coimbra?). Oxford - aqui andei com a autora deste maravilhoso livro e com as suas netas a percorrer uma das cidades considerada como a mais bonita do mundo. Depois de ler (e passear) estas páginas, apetecia-me uma coisa muito simples: pegar nos meus livros (os que escrevo e os que leio) e ir a correr para o Aeroporto de Lisboa para apanhar o primeiro avião! Oxford tem que ser uma cidade a visitar muito em breve. (Ai vou escrever e estudar muito). Será que MFM tem consciência do grande privilégio que é ser doutorada pela Universidade de Oxford?! (Se inveja matasse…). O Egipto - à semelhança do que aconteceu com a minha companheira de viagem, junto das Pirâmides surpreendo-me com a “Policia das Antiguidades e Turismo”. Também procurei o Cairo de Eça de Queiroz mas nesta cidade aguardavam-me dois choques: a forma como as mulheres são desprezadas e a pobreza da sua população. À semelhança do que acontece com a socióloga que me acompanha também não me sinto atraída pela pobreza, o caos e a porcaria. Depois de ler as páginas do “Passaporte” confirmei o meu não-desejo de visitar este pais. (Com esta decisão alegro-me porque sinto que estou a poupar, ou melhor, a não gastar!). Porto: A Casa da Música - é com alguma vergonha que digo (e escrevo) que nunca fui à Casa da Música. Na verdade, para quem vai praticamente uma vez por semana ao Porto parece não existir uma (boa) desculpa. (Será preciso que Bethânia, Simone ou Zélia Duncan vão lá?). Depois de visitar a Casa da Música com Maria Filomena Mónica, fico com receio de também odiar esta “democrática obra” cujo orçamento inicial teve que ser multiplicado por sete (custou 112 milhões de euro e concluiu-se com quatro anos de atraso). Istambul - relativamente a esta cidade tenho sérias dúvidas se algum dia a visitarei apesar de a autora deste livro se ter confessado conquistada pela sua geografia. Macau e Hong Kong - contrariamente ao que aconteceu com a Sra. Professora não é o jogo que me atrai a Macau mas sim descobrir o que resta da presença portuguesa nesta cidade. Desejo visitar Hong Kong porque segundo se diz “esta cidade vertical é única”. Évora: O Bairro da Malagueira - muito em breve também eu me irei assustar (e desiludir) com este bairro da autoria do mais famoso arquitecto português. A Inglaterra Literária - ao percorrer as páginas deste livro compreendo porque é que visitar a casa dos nossos escritores preferidos é tão giro: ver a caneta com que escreviam, a cadeira onde se sentavam e a vista que tinham à sua frente. Foi delicioso descobrir aquela cidade (Hay-on-Wye) onde todas as lojas vendem o mesmo: livros! Algarve: Being There - assustei-me com o Algarve do mês de Agosto e revi dois “Allgarves”: o dos pobres e o dos ricos. Fátima Fora de Horas - não foi para mim uma surpresa concluir que gosto mais de ir a Fátima do que a minha acompanhante. No entanto, coincidimos em duas opiniões: não gostamos dos desequilíbrios que encontramos neste lugar e gostamos muito do restaurante Tia Alice! Viagem ao Fim da Pátria - também gosto muito de passar para o pais vizinho e também adoro a abolição das fronteiras por essa Europa fora. Na Terra dos Meus Avós - este passeio por Águas Belas (terra dos avós paternos de MFM) fez-me recordar Lograssol e Podentes. Destes dois lugares guardo as mais bonitas recordações…

Depois de gastar 13,50 Euro gastarei certamente muito mais para visitar ou, nalguns casos, revisitar os lugares descritos ao longo das saborosas páginas de mais este livro (da minha vida).

Estou completamente de acordo com Maria Filomena Mónica e também eu “…em vez de turismo gosto de voltar a sítios onde me sinto em casa…”.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

A Minha Pasta Azul

O texto desta semana é um inventário de (quase) tudo o que anda(va) na Minha Pasta Azul. Esta pasta é bastante desportiva, foi comprada há cerca de 10 anos em Barcelona e acompanha-me para todo o lado. Há muito tempo que estava pensado (e prometido) um texto sobre A Minha Pasta Azul.

Primeiro bolso – aqui encontro chaves e dois carregadores de telemóvel; as chaves vão continuar a andar comigo embora não saiba o que abrem todas elas; um dos carregadores continuará dentro da Minha Pasta Azul mas, o outro passará a ficar em casa.

Segundo bolso – aqui encontro dois envelopes com fotos da Festa da Mãe, tiradas em Abril do ano passado; o que é que estas fotos andam a fazer na minha pasta durante todo este tempo?! Encontro também um rolo de fita-cola que continuará a acompanhar-me porque escrevo o meu Diário ao longo dos meus caminhos e muitas vezes preciso de colar recordações. Encontro ainda duas cartas enviadas pelo banco há cerca de dois anos atrás; estas entraram na pasta em Coimbra, com destino a Lisboa mas, acabaram por nunca sair de dentro do azul. As minhas descobertas continuam e desta vez encontro-me com uma pen drive de 1 GB acompanhada pela respectiva fita para trazer ao pescoço; esta pen continuará a andar comigo embora não tenha a mínima ideia do que terá gravado; a fita fica com a pen mas, as outras duas fitas que também encontrei vão sair deste “armazém”. Descobri um pequeno bloco de um banco onde encontro uns escritos. Tenho o vicio de escrever um pouco por todo o lado e por vezes demoro meses (ou anos) a (re)encontrar-me com os meus apontamentos. Para o final o mais surpreendente: carrego na Minha Pasta Azul 47 esferográficas, um marcador e um lápis; parece incrível mas, é verdade! (Tenho algumas testemunhas que já tinham assistido a esta contagem); 37 esferográficas de hotéis distribuídas por oito hoteis em três paises diferentes; 5 esferográficas de empresas distribuídas por quatro empresas diferentes; 1 esferográfica de um jornal; 1 esferográfica de uma campanha politica e 3 esferográficas neutras; não foi nada fácil escolher as 6 esferográficas que vão continuar a andar comigo; daqui a uns meses certamente que se terão, de novo, multiplicado!!! Tenho duas opções para diminuir o meu “património esferográfico”: começar a devolver esferográficas aos hotéis ou começar a oferecer esferográficas nos Aniversários e no Natal!

Bolso principal – Aqui está o maior peso. Encontro um velho dossier vermelho que não sei porque ainda me acompanha mas, que gosto de ter por perto porque tem um cartoon muito giro na capa. Este dossier vai continuar a andar comigo! Encontro um suplemento de um semanário com data de 27 de Maio de 2006, sobre o tema Seguros. Brilhante! Há quase três anos que me acompanha mas, hoje vai terminar no saco do papel para reciclar. Descubro 15 folhas com o Roteiro Turístico de Penela. Ando sempre com vontade de fazer a (re)descoberta turística das minhas origens. Estas folhas também vão sair da pasta hoje! Surpreendo-me com a embalagem do meu leitor de MP3 com todos os seus acessórios. Deparo-me com um boletim semestral da Acreditar, de Setembro de 2007. O meu carinho por esta Associação levou-me a transportar comigo este boletim durante cerca de 18 meses! Reencontro um velhinho caderno de apontamentos que foi comprado nos meus tempos de estudante. As poucas páginas que ainda sobrevivem vão continuar a andar comigo. Para minha surpresa aqui não encontrei nada escrito! Folheio a minha super-agenda de tamanho A4 que me acompanha para todo o lado. Releio o meu super-diário também de tamanho A4, que me acompanha sempre e ao longo de cujas páginas vivo. O actual diário começou em Lisboa no dia 19 de Setembro de 2008 e terminará um dia em qualquer sítio. Estudo o Livro das Contas, de tamanho A5, que me acompanha para todo o lado e onde anoto religiosamente todos os cêntimos que gasto. Nas páginas do actual livro tomo (e gasto) notas desde 1 de Agosto de 2006. Faço isto há anos, anos,… e anos! Descubro um pequeno livro, quase terminado, com alguns apontamentos antigos de gestão doméstica. Vai continuar comigo. Encanto-me com o Livro das Viagens: este é o mais novo livro que comecei a escrever e onde dou bonitos passeios. A sua estreia foi em Évora mas, é meu desejo continuar a enchê-lo e a saboreá-lo. O último livro que mora na parte principal da minha pasta é este livro onde “cozinho” os meus textos para “O Despertar”: 55 textos depois este livro está quase no fim. (O próximo já está em cima da mesa e muito em breve será “empastado”). Este inventário entra (finalmente) na sua recta final: ainda encontro um velhinho telemóvel que está quase sempre desligado (ficará a partir de hoje em casa a fazer companhia ao seu carregador). Encontro uma daquelas fitas de pescoço que me perseguem, relativa a uma reunião em França onde estive no mínimo há 7 anos atrás. (Mon Dieu!!!). Encontro a minha máquina de calcular de estimação (que faz as minhas contas desde os meus tempos de estudante). Encontro 25 pequenos blocos: quase tão grave como as esferográficas! Desta vez são 4 os hotéis “fornecedores” e todos eles em Portugal. A partir de hoje apenas me acompanharão 4 pequenos blocos (1 de cada hotel) mas, daqui a uns meses a Minha Pasta Azul estará de novo com lotação esgotada. Encontrei um mega-bloco de post-it que ficará cá em casa. Por último encontrei uma velhinha agenda digital, comprada há 10 anos e que fez nesse tempo as minhas delicias de “viciada” em tecnologia. Hoje não a conseguia ligar mas, depois de mudar as suas pilhas e de a voltar a pôr a funcionar, encantei-me com o que encontrei...

O texto (inventário) está terminado, a Minha Pasta Azul está mais magra e eu estou mais leve. Transportar esta pasta tem sido equivalente a transportar um armário lá de casa!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Off

Esta manhã encontrei a minha simpática vizinha do lado, da casa de Lisboa. Sempre que a vejo “faço uma festa” pois isto acontece, em média, uma vez por trimestre. (Neste meu período pré-férias prometo-me começar a parar mais na capital). A minha jovem vizinha tinha uma dúvida e contava com a minha ajuda: “Temos antena de TV no prédio?”, queria saber. Eu sou a habitante mais antiga deste edifício mas, de repente, fiquei com dúvidas. “Parece-me que sim”, respondi. Acabei por confessar que tenho em casa uma televisão que é uma TV-Rádio. TV-Rádio?!, o que é isso?! Pois bem, passo a explicar: tenho uma velhinha televisão a preto e branco que, para funcionar, apenas tem que ser ligada à electricidade. O meu “moderno aparato” tem uma antena que se estica como as antenas dos velhinhos rádios. Deste modo, nasce na minha casa um autêntico “milagre a preto e branco”. A minha vizinha achou graça à minha originalidade (assim o desejo) e acabou por concluir o óbvio: iria falar com o administrador do prédio para tirar a sua dúvida. Nestes tempos de crise fiquei a saber que há neste prédio uma cliente menos da TV Cabo. Nestes tempos modernos quando se deixa de ter este tipo de serviço, fica-se sem televisão. Há muito tempo que não me sentia privilegiada com a minha velhinha TV-Rádio!

Quando vivi em Viseu via, muito raramente, televisão em casa da minha senhoria. Quando vivi em Glasgow tinha em casa uma televisão de aluguer. A Maria, o Javi, o Aitor e eu pagávamos 2 libras por mês e melhorávamos o nosso inglês vendo os programas infantis. Recordo que nesse tempo nos “rebolávamos a rir” com o Mr. Bean! Em Barcelona vivi sempre sem TV. Se fosse possível alugar, acho que o teria feito mas, acabei por frequentar alguns cafés (o mais frequente no rés-do-chão do meu prédio). Sempre que havia um “partido de futebol” lá ia eu ao café ver o jogo, beber uma colinha e comer “un bocata de tortilla francesa”. Na minha primeira casinha lisboeta tinha uma TV que era da amiga com quem vivia mas, muito raramente, era ligada. Na casinha de Telheiras tenho esta TV-Rádio emprestada pelos Pais. Já lá vão 8 anos…”Fica comigo até comprar uma”, pensei naquela altura!!! Nestes tempos, em que passo pouco tempo em Lisboa, nem me lembro do objecto de museu que tenho em casa! A minha TV está sempre no mesmo canal e uma mudança tem que ser muito bem pensada. Nunca tenho a certeza se consigo voltar a sintonizar o canal original. É claro que nesta casa toda a gente entra a preto e branco, o que dificulta muito a identificação das equipas nas competições desportivas. Por outro lado às vezes faço comentários estranhos: “Aquela actriz veste-se sempre com os mesmos tons”. É verdade mas, apenas na minha casa (e em poucas mais). Uma das minhas grandes Alegrias é ter Maravilhosos Amigos com belíssimas televisões onde me encanto com os melhores jogos de futebol (e…como deliciosas sopas)!

Há uns anos atrás o meu sonho era ver televisão no computador portátil e quando comentava isso, os meus amigos olhavam para mim preocupados. (Estará na ficção cientifica?!). Hoje podemos ver TV em quase todo o lado mas, a minha escolha continua a ser…estar Off!

terça-feira, 20 de julho de 2010

“Da Mão Para a Boca”

Não estava fácil a escolha do tema para o texto desta semana! (Tenho tantas coisas sobre as quais me apetece escrever…). O tema livros é sempre um bom tema. Recentemente andei de novo pelas feiras do livro. Grande perigo€! Este ano andei duas vezes na Feira do Livro de Coimbra, passei pela Feira do Livro de Braga (infelizmente não a visitei por falta de tempo), fui um dia à Feira do Livro de Lisboa e passei muito rapidamente pela Feira do Livro do Porto.

O objectivo do ano é muito ambicioso: ler 40 livros. (Até ao momento apenas li 10 livros e por isso este Verão promete!). Nesta primeira metade do ano os meus livros sofreram com a “concorrência desleal”: demasiadas horas passadas na estrada, imperdiveis jogos de futebol, trabalhos de casa de alemão, preparação de aulas, etc., etc., etc.. Pelo menos gostava de conseguir ler este ano mais livros do que li no ano passado: 27 (já pareço muitas outras pessoas deste pais que trabalham para alegrar estatísticas!!!). Se passar a ler apenas livros com 20 páginas vou melhorar bastante os números. Melhor, vou começar a comprar livros á página. Já me imagino a dizer: “Queria 10 páginas do livro azul, 5 páginas do livro amarelo e 25 páginas do livro verde, por favor. Quanto é?”. Não se espantem se, dentro de umas semanas, numa visita a uma qualquer praia deste lindo pais me encontrarem, na areia, com uma estante de livros ao lado! Não, não preciso de tratamento. Sou, simplesmente, “louca por livros”. Quando, em criança, os meus Pais me deram o primeiro livro não sonhariam as consequências desse gesto…

Não posso (nem devo) terminar este texto sem falar de um dos meus livros do ano: “Da Mão Para a Boca” é (mais) um maravilhoso livro do escritor Paul Auster. Descreve um sonho que também é meu (mais um!): ser alimentada pela minha mão esquerda. O que significa isto?! Pois bem, uma coisa muito simples: conseguir alimentar-me com o dinheiro ganho a escrever (escrever). Sou (e estou) consciente que este é um sonho muito difícil mas, como não é um sonho impossível existirá enquanto eu existir… Frequentemente, nas minhas viagens, tenho que parar para escrever (tenho tanta coisa na cabeça que já não cabe lá!). É vulgar (normal?) parar nos parques das auto-estradas, ás saídas das portagens ou nas estações de serviço, e pôr a minha mão esquerda a trabalhar. Cada vez que meto a mão nos bolsos de um dos meus casacos, fico “assustada” com a quantidade de pequenos papeis, com apontamentos, que encontro. O grande desafio é, normalmente, transformá-los em textos “publicáveis” em “O Despertar”. Á semelhança do que acontece com Paul Auster também vivo o desafio de conseguir alcançar o equilíbrio entre tempo e dinheiro. Há alguns anos atrás aprendi, com o meu “Pai Holandês”, uma coisa que nunca mais esqueci: “Tempo não é dinheiro, tempo é…Vida”. Isto significa que o equilíbrio que procuro é entre Vida e Dinheiro. Mais trabalho (ou outro trabalho) significa mais dinheiro mas, significa menos tempo (e assim menos Vida). Não vale a pena ter mais dinheiro e não ter tempo para o gastar e é uma pena quando se tem tempo e não há “caroço” para o saborear. O livro “Da Mão Para a Boca” termina de uma maneira que dá que pensar: “Chegava de escrever livros por dinheiro. Chegava de me vender.” Também eu escrevo (e escreverei) para “…criar uma alternativa para ser feliz”.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

A Economia, o Basquetebol e eu

A Economia é uma ciência (social) que nos ensina a escolher a melhor alternativa de aplicação de recursos que são escassos (e que têm usos alternativos). Esta definição parece simples mas, na verdade um economista vê-se frequentemente confrontado com o dilema da decisão. A Economia foi a minha escolha em termos de formação mas, a minha carreira profissional têm-se desenvolvido no “mundo das empresas”.

O Basquetebol foi o desporto ao qual me dediquei. Desde criança comecei a ir para o Pavilhão “bater umas bolas”. O jogador que mais admirava vestia a camisola com o nº10: Eustácio Dias. Foi por sua causa que também eu vesti sempre a camisola com esse número. Ainda hoje, o número 10 é muito especial para mim! A Economia e o Basquetebol começaram a misturar-se assim que terminei os meus estudos e iniciei a minha carreira profissional. Deixei de jogar no campo mas comecei a “jogar” na empresa. O Basquetebol está presente no meu dia-a-dia de trabalho há mais de 15 anos! Nos últimos dias terminei dois livros de que muito gostei e que falam da saudável mistura: Economia e Basquetebol. “Voando com os Pés na Terra” é um livro do Professor António Câmara, fundador da empresa YDreams e Professor Catedrático da Universidade Nova de Lisboa. Ao longo das páginas deste livro, que confesso ter devorado, li com muita alegria que o Basquetebol é uma “escola de gestão”. Não podia estar mais de acordo! Quem pratica (a sério) este desporto aprende o culto pela excelência, a importância da dedicação, o gosto pela paixão, o valor da coragem, a força da imaginação e, sobretudo, o significado das palavras respeito e responsabilidade. O outro livro chama-se “Gerir é Treinar” e foi escrito pelo Prof. Jorge Araújo, um dos treinadores (e gestores) portugueses que mais respeito me merece. Só o título deste livro já me entusiasmou e ao longo das suas páginas fiz um autêntico treino de gestão. Este livro é muito leve mas, muito interessante.

Eu, esta manhã tive a força de vontade suficiente para ir “atirar umas bolas” e confesso-me surpreendida e alegre com as novas tabelas que encontrei no bairro (milagre pré-eleitoral?!). Depois de todos estes anos cheios de “cestos” posso dizer que devo muito ao Basquetebol… (Agora é tempo de começar a retribuir, na Associação de Basquetebol de Coimbra, o muito que tenho recebido!).

domingo, 20 de junho de 2010

Férias de A a Z

A…de Alentejo: mais uma vez este foi o destino das minhas férias de Verão; desta vez estive na “Planície Dourada”. B…de Bonito: vi muitas coisas bonitas nestes dias – aldeias, vilas e cidades. C…de Colegas: só graças á sua ajuda foi possível “escapar-me” estas duas semanas. D…de Descanso: não há dúvida, a tranquilidade desta região “faz em mim maravilhas”. E…de Emoção: este é o meu sentimento quando visito alguns lugares lindos deste nosso Portugal. F…de Férias: aqueles maravilhosos dias de pausa que permitem voltar a carregar “as minhas baterias”. G…de Gastronomia: Meus Deus, que coisas boas se comem por estes lados. (Fico assustada só de imaginar as novidades que a balança terá, em breve, para mim). H…de Humor: tirei algumas fotos que me farão rir (e aos meus amigos leitores de “O Despertar”), durante os próximos meses. I…de Ingleses: foram os grandes dinamizadores da Mina que me deu dormida. J…de Jovens: andam por todo o lado e são os primeiros a descobrir os lugares que valem (muito) a pena. K…de Kgs: ai, ai, ai…vou ter que “lançar muitas bolas” para perdê-los. L…de Leituras: mais uma vez uma grande companhia nestes dias de descanso. M…de Mina de São Domingos (Concelho de Mértola): aqui encontrei o meu “Alentejo de abrigo”. Foi giro acordar “dentro” da velhinha Mina. N…de Noite: a alegria da tranquilidade e a esperança da frescura. O…de Opel: que me leva daqui para ali e de ali para acolá. P…de Praia Fluvial: uma das descobertas deste Verão. (Confesso-me fã principalmente dos seus bares!). Q…de Queijo (de Serpa e outros): que tentação!!! R…de Relógio: adeus…encontramo-nos de novo no inicio de Agosto. S…de Serpa: que surpresa tão agradável tive quando visitei esta jovem cidade. T…de TSF: depois de Beja perdi esta estação e passei a ter a companhia da “Cadena Fiesta”. Hola España! U…de Uvas: que se transformam num néctar divino, em terras alentejanas. V…de Valentes: não me cansarei de admirar estas populações por aguentarem temperaturas diárias acima dos 35º. W…de Wireless: a tecnologia permitiu-me estar “ligada ao mundo”. X…de Xaile: um adereço que não me parece fazer falta por estes lados. Y…de Yes!!! Z… de ???

sábado, 29 de maio de 2010

Travagem Perigosa

Às vezes, regressar aos sítios de que gostamos pode ser um erro…

Num dos últimos Domingos fiquei muito surpreendida quando percebi que tinha que pagar 1€ para entrar a pé no Parque das Termas da Curia. (Para entrar de carro paga-se 7€ e apenas inclui carro e condutor). Fiquei a saber que nos meses de Maio a Outubro se tem que pagar. A justificação é simples (?!): o parque é privado. Pois, meus senhores, é uma pena! Já tinha estado na Curia em Julho e não tinha pago nada (se isso tivesse acontecido não teria certamente voltado). Luso: 1 – Curia: 0 (pelo menos por enquanto!). “Se for almoçar ao hotel não paga”, escutei. Este tipo de argumento tem em mim um efeito contrário ao normal: não só me afasta do parque como me afasta também do restaurante do hotel. Como queria mesmo tirar a fotografia que acompanha este texto ultrapassei o meu mau-feitio, paguei 1€, entrei no parque e arrependi-me por não ter pedido um recibo. (Serviria pelo menos para não me esquecer de não voltar!).

Ainda me esperava outra surpresa desagradável: o campo de futebol/basquetebol estava fechado á chave. É claro, como é também propriedade privada tem que se pagar. Brilhante! A tão desejada fotografia acabou por ser tirada do lado de fora da vedação e não consigo deixar de pensar que é uma pena este campo estar vazio numa bonita tarde de Domingo. Dei conta que por ali andavam as moscas, eu e… pouco mais. Ainda bem…fico feliz por saber que há muitos sítios alternativos (também) lindos e onde as famílias podem passar uma tarde de Domingo grátis (o que se agradece).

Porquê o desejo de tirar esta fotografia? Por razões de segurança! A primeira vez que vi uma baliza de futebol e uma tabela de basquetebol juntas achei que era uma ideia brilhante. No entanto, é uma ideia pouco segura pois é fácil que quem está a jogar basquetebol se magoe na baliza de futebol. Escreve a caneta da experiência! No Verão de 2000, no Parque de Campismo de Monsanto, magoei uma mão quando fiz uma travagem que terminou “em cima” de uma baliza de futebol. É verdade, eu estava a jogar basquetebol e aquela foi, uma travagem perigosa!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Lembretes 60 – Clara 0

De hoje não passa, pensei. Hoje vai sair o texto sobre os lembretes. (Diz que este texto é uma espécie de lembrete em tamanho gigante!). Lembretes?! O que é isso? Pois bem, são pequenas notas que vou escrevendo no telemóvel (constantemente). São o que poderei chamar um “auxiliar de memória”.

Às vezes (?) parece-me que sou de extremos. Ao mesmo tempo que tenho uma velhinha TV a preto e branco gosto muito de “gadgets” (as ultimas novidades da tecnologia). Gosto de um telemóvel de última geração, gosto do portátil mais moderno e gosto da última novidade em consolas para jogar. Sempre que mudo de telemóvel tenho que fazer aquela pergunta: dá para escrever lembretes? Antes de saber como se fazem e recebem chamadas, antes de saber como se tiram fotografias quero saber como se escrevem (e gravam) os lembretes. Como estou sempre a escrever no telemóvel toda a gente pensa que passo a vida a enviar mensagens. Não, meus amigos, estou apenas a escrever novos lembretes, a mudar lembretes de dia e a apagar lembretes. Ás vezes o pré-caos instala-se. Como aconteceu esta manhã. Preparo-me para enfrentar um Sábado com 60 lembretes pela frente. É verdade, são 60 e o meu pânico é que até poderiam ser mais. Esta situação requer medidas drásticas e completamente anti-lembrete. Organização, precisa-se! Dediquei uns minutos (vários) a tomar nota de todos os lembretes numa folha de papel. Volto ao modo pré-tecnologia e deste modo tomo consciência que tenho lembretes que andam a mudar de dia há meses (daqui a pouco há anos!), tomo consciência que alguns lembretes estão escritos mais do que uma vez (é mesmo para não esquecer!) e tomo consciência que alguns lembretes são um sonho (impossíveis de concretizar!). Depois de cumprida esta nobre tarefa fico apenas (?) com 14 lembretes para o dia de hoje. Dos 46 restantes a grande maioria mudou de dia (infelizmente irei reencontrar-me com alguns amanhã) e uma pequena quantidade foi apagada (difícil acto de humildade).

Nem tudo isto é mau. Tenho que confessar que alguns dos lembretes que encontrei esta manhã me fizeram rir com muita vontade. Procurar cadernos da casa Firmo (ando sempre à procura de cadernos do antigamente para escrever os meus apontamentos); Passar na baixa com a máquina fotográfica (para não me esquecer que gosto de fotografar); Fazer listagem de todos os meus livros (este lembrete corre o risco de passar de dia para dia até à minha reforma); Fazer back-up do computador (receio que algum dia me vou arrepender de não o ter feito); Atenção ao desconto do Continente (não posso deixar passar a oportunidade de repor os stocks com desconto); Andar de bicicleta (só ao fim-de-semana consigo fugir da bicicleta do ginásio); Pagar telefone (não gosto nada deste lembrete); Enviar texto para a próxima semana (“O Despertar” também é estrela dos meus lembretes); 2ª feira Porto, 3ª feira Aveiro (lembrete para me recordar para onde deve ir o carro na 2ª feira de manhã); etc.

Frequentemente, quando estou a falar com alguém, tenho um momento de fraqueza e digo: …vou escrever um lembrete. Os meus amigos já se “escangalham a rir”. Mais um, pensam. Estarei eu já naquele ponto em que preciso de um lembrete que diga: ler lembretes?! Ou estarei eu naquele ponto em que preciso de um lembrete a dizer: não escrever (mais) lembretes?!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Aprender a Aprender

Antigamente era assim… na noite de 5 de Outubro não dormia, tal era o entusiasmo com o recomeço das aulas, no dia seguinte. O reencontro com os amigos, muitos dos quais não via durante os meses de verão, enchia-me de alegria. Naquela noite sonhava (acordada) com as brincadeiras, com os jogos de futebol e com as aulas. Sim, sempre gostei de aprender coisas novas. Naquele tempo a viagem de casa para o colégio era já uma festa: 5 crianças no carro e o Augusto a “cantar” o Teorema de Pitágoras: “Pitágoras disse um dia a seus netos que o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos…”. Como era a mais nova de todos fui eu quem mais escutou o teorema e quem melhor estava preparada para o cantar na aula de matemática. Nunca mais esqueci aquele “brilharete”! Naquele tempo o Augusto não se cansava de me relembrar a importância do Inglês e dos Computadores. Eu não conseguia evitar pensar: “Porque é que o meu Pai é diferente? Não basta aprender Matemática e Português?”. Não, não bastava e hoje continuo a agradecer ter um Pai diferente. (Acho que hoje me diria: Chinês e Playstation). Graças ao Inglês fui para a “Casa de Inglaterra”, onde haveria de fazer muitos (e bons) amigos. Só graças ao inglês foi possível mais tarde ir estudar para a Escócia e graças ainda à familiaridade com esta língua tem sido possível trabalhar em empresas multinacionais e em diversos países. Graças à informática tive o velho Spectrum com que me divertia muito a jogar. LOAD “ ” ENTER era a porta que abria a diversão. Tive também uma passagem muito rápida pelo piano onde se viu (e ouviu) o meu talento-zero e acabaria por me render à viola, o que tinha muito mais a ver com o meu gosto pelas músicas do Zeca.

Hoje é assim…estou de volta à “escola”. Porque acredito que aprendemos até ao último dia das nossas vidas, estou de regresso à universidade com um objectivo muito simples (?!): Aprender a Aprender. Esta é apenas mais uma etapa do grande desafio que é Aprender a Viver. 22 anos depois do meu ingresso no ensino superior, estou de volta para fazer uma mestrado na área de marketing. No dia em que soube que tinha sido admitida fiquei, simplesmente, radiante. Este é um sonho antigo que me parecia difícil de iniciar (de terminar…já veremos). Como disse uma das minhas amigas: “Só de entrares na universidade vai parecer-te que tens 20 anos menos”. É verdade e… é muito giro. Esta é a primeira vez que serei “trabalhadora-estudante”. Desde sempre respeitei muito quem trabalha e estuda mas, agora “sinto na pele” o espírito de sacrifício que é preciso ter para além da capacidade de desligar o “botão trabalho” e ligar o “botão aula”. Agora, de 2ª a Sábado, cada minuto vale (ainda mais) ouro. O grande desafio é não falhar com a família, os amigos, o trabalho, O Despertar, o basquetebol, etc., etc., etc.;

Neste momento tenho apenas uma certeza: vou dar o meu melhor para Aprender a Aprender.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

As Minhas Canções

Às vezes digo e muitas vezes penso: ”…a música faz em mim maravilhas…”.

Estou a frequentar um Programa de Desenvolvimento Pessoal que está a ser muito interessante. Este curso decorre em seis sessões, com os seguintes temas: “Aprender a Aprender”, “Técnicas de Apresentação”, “Gestão de Conflitos”, “Motivação”, “Gestão de Reuniões” e “Feedback e Plano de Desenvolvimento”. O meu professor, de nacionalidade alemã, contou-nos numa das primeiras sessões a razão pela qual veio viver para Portugal. A razão é muito gira: um dia escutou uma bonita música portuguesa e depois disso ficou com vontade de viver no nosso pais. A “mágica” música é da autoria do José Cid, embora o meu professor a tenha escutado noutra voz.

Numa das últimas sessões do Programa fomos desafiados para fazer o seguinte “trabalho de casa”: gravar um CD com as 10 músicas mais inspiradoras para nós. Este CD deveria a partir desse dia andar no porta-luvas do nosso carro e, naqueles momentos em que estamos menos felizes, devemos escutá-lo. O nosso CD deve funcionar como um “comprimido” de Alegria, Energia e Motivação. Por esta razão não deve ser escutado a toda a hora nem todos os dias porque, à semelhança do que acontece com os comprimidos, quando “ministrado” em doses excessivas deixa de fazer efeito.

Eis as 10 canções que gravei no meu CD e que tanto gosto de escutar: “Boa Sorte / Good Luck”, interpretada pela Vanessa da Mata e pelo Ben Harper; “Canção de Embalar”, interpretada pelo Zeca Afonso; “Copacabana”, interpretada pela Maria Bethânia; “Dentro do Mar Tem Rio”, interpretada pela Maria Bethânia; “Encontros e Despedidas”, ineterpretada pela Simone e pelo Milton Nascimento; “Las Cuatro y Diez”, interpretada pelo Sílvio Rodriguez e pelo Luís Eduardo Aute; “Ojala”, interpretada pelo Sílvio Rodriguez e pelo Luís Eduardo Aute; “Rosalinda”, interpretada pelo Fausto; “Vejam Bem”, interpretada por Zeca Afonso e “Povo da Minha Terra”, interpretada pela Mariza;

Estas são as 10 canções escolhidas mas, poderiam ter sido outras 10, outras 10, outras 10,…ou outras 10.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Eunice Muñoz

“…amo-te mais do que apenas mais um dia…”.

Lembro-me de, em criança, escutar a Eunice Muñoz a contar histórias para mim (e não só). Naquele tempo tínhamos apenas (?!) dois canais de televisão (e chegavam) e era num deles que esta actriz aparecia para me encantar e dar tranquilidade à minha Mãe. Durante o tempo que durava o “meu” programa, estava muito sossegada e quase não me mexia.

Lembro-me de, nos meus primeiros tempos em Lisboa, ter visto a Eunice Muñoz (com o Ruy de Carvalho) a representar “A Casa do Lago”, no Politeama. Aquela seria, segundo diziam, a sua despedida do teatro (felizmente não foi). Naquele tempo a Eunice Muñoz estava (muito mal) reformada do Teatro Nacional D. Maria II mas, continuava (e continuaria e continua) a encantar.

Lembro-me de, há uns anos, ter ido a Oeiras, numa tarde de Domingo, ver a Eunice Muñoz. Ali fiquei muito feliz quando vi que a “nossa” actriz iria representar numa bonita sala que tem o seu nome e que a homenageia. Ela estava em casa! Naquela tarde representou (inesquecivelmente) “Miss Daisy”.

Lembro-me de, há uns tempos, em casa de uma amiga do meu Pai, em Lisboa, ter escutado a Eunice Muñoz a declamar poesia. Não, esta actriz não estava lá em casa mas um velhinho gira-discos fez soar a sua voz. Fiquei maravilhada! A “herdada” amiga tem um precioso vinil, que deve ter quase a minha idade, onde Eunice Muñoz declama divinamente.

Hoje voltei ao Teatro Nacional D. Maria II para (re)ver Eunice Muñoz. A primeira coisa que me alegra é ver que esta actriz está de volta à sua “casa”. Desta vez escutei-a num emocionado e comovente monólogo: “O Ano do Pensamento Mágico”, uma peça de Joan Didion baseada nas suas memórias. Eunice Muñoz está sozinha em palco a falar sobre a vida e a verdade é que não se dá pelo tempo a passar. A verdade é que nos emocionamos e sorrimos, a verdade é que nos revemos em muito do que nos conta, ao longo de cerca de uma hora e meia. Faço uma sugestão aos meus leitores: venham a Lisboa ver a “nossa actriz” (esta peça estará no Teatro Nacional D. Maria II até ao dia 20 de Dezembro, de 4ª a Domingo).

“A vida muda depressa. A vida muda no instante. Sentam-se para jantar, e a vida como a conhecem termina”.

sábado, 20 de março de 2010

Ano Novo

Que as pessoas que gostam de mim continuem a gostar. Que os meus sobrinhos continuem a saltar e a rir à gargalhada. Que os meus amigos queiram continuar a ser a minha casa. Que os meus textos continuem a ser publicados. Que os terroristas falhem a pontaria. Que o Inverno seja breve, a Primavera longa e o Verão quentinho. Que o governo governe e a oposição se oponha. Que os corruptos se cansem de ter. Que os presidentes de câmara não me tirem o sono. Que os “donos do mundo” poupem no sofrimento dos mais pobres. Que os que estão tristes sorriam. Que a equipa nacional de futebol nos faça saltar de alegria. Que a Académica se mantenha. Que o Porto seja campeão. Que o Barcelona continue o maior do mundo. Que se globalizem a dignidade e o futuro. Que a minoria que lê (jornais e livros) seja um pouco mais numerosa cada dia que passa. Que “O Despertar” celebre mais um aniversário. Que o cancro se cure e a sida se vacine. Que os que choram sequem as suas lágrimas. Que os traficantes de droga fiquem no desemprego. Que os desempregados encontrem trabalho. Que os aviões de passageiros não caiam. Que os ditadores se suicidem. Que os ladrões se arruínem. Que todas as crianças vivam sem trabalhar. Que o novo Hospital Pediátrico de Coimbra abra as suas portas. Que os idosos adormeçam sem saber que não se despertarão. Que a Casa dos Pobres inaugure a nossa nova casa. Que – como diz o cantor espanhol Sabina – os que matam morram de medo. E que os meus leitores me continuem a ler…
Feliz Ano Novo.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Natureza

Começo o ano como gosto: com uma brutal gargalhada…
Estou “zangada” com a natureza. É verdade!
Normalmente nunca tenho um lugar para estacionar o carro perto da minha casa, em Lisboa. Acontece, frequentemente, chegar a Telheiras com o carro muito carregado, ter que estacionar longe e andar a fazer kms, com os sapatos, a descarregá-lo. As pessoas que me são mais próximas já conhecem o “ritual” de descarregar o carro. E…já se riem!
Há dias, a primeira vez em anos, arranjei um lugar mesmo à porta de casa. Não podia acreditar! No dia seguinte não fui trabalhar e por isso fui a pé fazer as compras no bairro. É verdade! Confesso que a principal motivação para andar a pé não foi a saúde (andar a pé faz bem!) mas, sim a alegria de ver o carro paradinho ali mesmo à porta de casa. Quase que me apetecia saltar de contentamento por ter o carro tão bem paradinho.
Um dia depois, à tarde, foi tempo de finalmente sair com o carro. Quando me sentei ao volante não podia acreditar no que estava à minha frente: o vidro estava todo sujo com o “trabalho” dos meus “vizinhos” pássaros. “Meu Deus, o que é isto?!”, pensei. Assim que o carro começou a trabalhar tentei, com as escovas, disfarçar o que se mostrava impossível de disfarçar. Fui para a Universidade, cheia de vergonha pelo estado do vidro e de toda a parte da frente do carro. Assim que estacionei ocupei-me a tirar todas as folhas que ainda tinha em cima do carro e deste modo estava a “curtir a minha neura”. Dai a pouco escutei um colega perguntar: “Clara, o que aconteceu ao teu carro? Onde o deixaste?”. Não podia acreditar. Esta era a primeira vez que encontrava um colega no parque de estacionamento. “Porquê hoje?!”. Naquela altura o meu carro parecia um “pijama às bolas”, e eu estava corada como há muito tempo não me lembro de ter ficado.
Naquela noite, quando regressei a casa depois das aulas, lembrei-me da minha “zanga” com a natureza e… deixei o carro longe, sem árvores por perto!!!

segunda-feira, 8 de março de 2010

Uma Ternura…

Antigamente era assim: sempre que íamos a Espanha e no nosso caminho ficava o “El Corte Inglês” nós, as três Marias, delirávamos! Éramos nessa altura verdadeiras fãs de escadas rolantes e, enquanto os Pais faziam as suas compras, passávamos horas piso acima, piso abaixo. Sempre que nos cruzávamos nas escadas era uma verdadeira galhofa. O Pai marcava uma hora para o nosso (re)encontro na cafetaria do último piso e este compromisso era, por nós, religiosamente cumprido. A nossa liberdade tinha este “preço”. Quando nos (re)encontrávamos era uma “festa”: tortilha de batata, fanta de laranja e…belas gargalhadas.

Hoje é assim: temos em Portugal dois grandes armazéns da cadeia espanhola e, com muita frequência, vou ao “El Corte Inglés”, em Lisboa. Normalmente vou até á cafetaria do último piso e, escadas rolantes acima (a abaixo), recordo a pequena Clarinha de há 30 anos atrás. Nesta tarde frenética de saldos não me apetece fazer compras mas, apenas (?) ler. Esta cafetaria tem a vantagem de ter o serviço mais lento que conheço em Lisboa e por isso até posso ler livros inteiros que ninguém se importa. É como se eu fosse transparente! Aproveitei para terminar um livro: “Si Te Comes Un Limón Sin Hacer Muecas” (Se Comes Um Limão Sem Fazer Caretas), de Sergi Parmies e começar outro: “Bingo” de Esther Tusquets. (Muito dificilmente poderia ter escolhido melhor os livros para esta “tarde espanhola”). Ao mesmo tempo que recordo o passado antecipo o futuro. À minha frente está uma mesa onde lancham 4 amigas com cerca de 70 anos. Imagino-me daqui a 30 anos a lanchar neste mesmo sitio na companhia de amigas (jovens da minha idade) e, com os meus livros na mão. Reparo que uma das senhoras bebe um leite UCAL com chocolate…eu vou ser assim! Não posso deixar de sorrir quando vejo um senhor idoso chegar com o seu portátil e o respectivo rato. Aqui, muito perto de mim, numa simpática mesa monta o seu equipamento e ali está todo interessado a olhar para o ecrã (e para mim). Deve pensar: o que estará a escrever?!

Antigamente era uma graça, hoje é muito giro e, daqui a 30 anos vai ser uma ternura…

domingo, 7 de março de 2010

“Sustomóvel”

Um Domingo muito tranquilo passado em Lisboa. O ritual da manhã é, frequentemente, o mesmo: padaria e café. Quando estava já muito tranquila no café, a preparar-me para ler, enquanto esperava fazer o meu pedido, dei conta que me faltava o telemóvel no meu bolso esquerdo (é ali o seu sitio). Susto! Onde está o meu telemóvel? Lembrava-me de ter olhado para ele antes de sair de casa e de ter pensado: vou levá-lo.

Deixei os jornais em cima da mesa (A Bola e o DN), deixei o livro em cima da mesa (“Anos Difíceis”, de António Barreto), deixei o chapéu-de-chuva junto da mesa e…sai a correr (depois de ter avisado que voltaria). A verdade é que nunca perco uma oportunidade para correr e esta manhã tinha a minha vida facilitada pois estava “equipada” com umas confortáveis sapatilhas. Fui ao carro, vi todos os sítios possíveis e…não encontrei o meu (muito querido e já saudoso) telemóvel.

Regressei ao café com a certeza que o meu “café da manhã” não iria ser tão tranquilo como desejava (e merecia). Não conseguia deixar de pensar no transtorno que é perder um telemóvel: vou ter que avisar muita gente, como vou recuperar toda aquela informação? (números de telefone, endereços de e-mail, datas de aniversário, lembretes, etc.). Acredito que neste momento os meus Leitores devem estar a pensar: existem “back-ups” para prevenir estas situações! É verdade, poderia (e deveria) ter toda esta informação guardada no meu portátil (que também precisa de um “back-up”) ou num “não-backupável” simpático bloquinho. Confesso que um dos lembretes que tenho (ou tinha?) no meu telemóvel diz (ou dizia?): fazer back-ups (sim, tenho algum “stress digital”).

Continuando…apesar de estar preocupada com o telemóvel (ou melhor, com o não-telemóvel) resolvi ler (em “passo de corrida”) os jornais e tomar o pequeno-almoço (com muito pouca tranquilidade). O jornal desportivo mostrou-me os resultados dos jogos de futebol de ontem (tristeza no Porto e alegria em Barcelona) e o outro jornal mostrou-me a tragédia do Haiti, o sonho do poeta que quer ser Presidente e a indignação com as constantes “surpresas” do BPP. Ainda li uma deliciosa crónica de António Barreto e…regressei a casa.

Confesso que fiz a pequena viagem de carro mais rápido do que o normal (o carro precisa de “correr”) e entrei em casa em verdadeiro “sprint”. Ali, naquele cantinho em cima de um livro (“Onde Há Crise Há Esperança”, do Pe Vasco Pinto de Magalhães) estava o meu telemóvel. Olhou para mim, muito espantado, e disse: “Porque é que estavas tão preocupada? Não te lembravas que tinha ficado em casa?”. Neste dia, para minha grande surpresa, o meu telemóvel falou comigo!

Lisboa, 17 de Janeiro de 2010
A direita entra-me no bolso…

Já confessei o “crime” da minha pasta azul. Sim, aquela que me acompanha (quase) sempre e está cheia de canetas, pequenos blocos de apontamentos, cadernos, etc.; Já confessei o “crime” dos lembretes do telemóvel. Sim, todos aqueles lembretes que me vencem diariamente. Hoje, é dia de confessar o “crime” dos bolsos…

Ando sempre com os bolsos cheios. Não, a verdade é que ando sempre com os bolsos com lotação esgotada. Ou melhor, em “overbooking” (muita coisa a querer entrar mas sem caber). A quantidade (e qualidade) das coisas que andam nos meus bolsos foi aumentando à medida que a minha idade foi crescendo. Antigamente trazia uma carteira no bolso de trás das calças onde passeava, orgulhosamente, as primeiras moedas e os primeiros cartões. Quando me sentava aquela carteira causava-me um grande desconforto. Mais tarde passei a usar a minha carteira num dos bolsos da frente mas, também dai teria que sair para um dos bolsos do casaco e, finalmente, para dentro de uma carteira que anda a tiracolo.

Os meus bolsos (ainda) cheios são hoje o prolongamento da minha casinha lisboeta. No bolso do lado direito anda normalmente a chave do carro. O chaveiro que a acolhe apenas tem uma chave (o que é um grande alivio!). No bolso do lado esquerdo anda a chave da casa de Lisboa ou a chave da casa de Coimbra. Qualquer destas chaves está acompanhada de muitas outras, a maior parte das quais não sei o que abrem! Ali, no bolso esquerdo “mora” também o telemóvel que desejo não toque (se isso acontece não o consigo tirar do bolso a tempo de o atender). Quando as calças que visto são “à carpinteiro”, ou seja, com bolsos nas pernas, não é nada difícil enchê-los: caneta, bloco, lenços de papel, etc., etc., etc.; Os bolsos do casado são o desastre total. Vamos ao inventário. O bolso do lado esquerdo tem uma luva. O bolso do lado direito tem: a fantástica caneta com que escrevo este texto, uma pequena embalagem de lenços de papel, um leitor de MP3 com o seu acessório, outra luva, uma pequena embalagem de gel anti-gripe A (recolhida num dos hotéis que é a minha casa), um cartão da loja “A Vida Portuguesa”, dois pequenos blocos cheios de letras (que dão origem a textos para “O Despertar”) e, por último, uma informação turística sobre uma das minhas mais recentes descobertas: o Parque Biológico da Serra da Lousã, em Miranda do Corvo (a visitar, visitar e voltar a visitar). Contrariamente ao que parece os bolsos do meu casaco estão neste dia em versão “light”. É muito natural que os meus leitores se questionem sobre o porquê de no lado esquerdo apenas ter uma luva e no lado direito tanta coisa. A resposta é muito simples: sou canhota e a mão direita está sempre mais livre para entrar no bolso!

quinta-feira, 4 de março de 2010

Ler é…Viver

Gosto imenso de ler jornais. Cresci rodeada por jornais e por isso estes acompanham-me há muitos anos. Todas as pessoas que me são mais próximas sabem que é normal eu ter comigo (ou no carro) o “saco dos jornais”. Os meus jornais também fazem muitos kms e independentemente do sítio onde tenham sido comprados, terminam a sua vida em Coimbra onde são também lidos pelas Marias lá de casa.

Há quase 10 anos, quando vim para Lisboa, os senhores do café onde almoçava diariamente guardavam-me os jornais. O meu carro parecia nessa altura uma tabacaria pois andava sempre “forrado” de jornais. Tive que acabar por pedir que não me dessem mais jornais (o que me custou muito) porque o meu ritmo de leitura era bastante inferior ao ritmo das “ofertas”.

No final do Verão passado tomei uma decisão que me custou muito: não compro mais jornais até terminar de ler todos os que tenho em atraso lá em casa. Meu Deus, que decisão difícil. Tinha que ser! Apesar de ter tomado esta decisão estou muito longe de deixar de os ler: pareço aquelas pessoas que deixam de fumar e fumam os cigarros dos outros. Procuro sempre cafés que têm jornais, fico em hotéis com jornais (a primeira coisa que faço quando chego é a “limpeza”) e quando vejo um colega a ler o jornal (qualquer que seja) digo logo: no final dá-me o jornal, não o deites fora.

Gosto de ler (quase) todos os jornais que me passam pela mão mas, confesso que tenho uma preferência pela edição de Domingo do diário espanhol El Pais. Na sua revista escrevem frequentemente alguns dos escritores espanhóis de que mais gosto como por exemplo Maruja Torres, Almudena Grandes, Juan José Millás e muitos outros. Esta manhã estive a trabalhar na “recuperação do atraso” e por isso peguei na edição da revista “El Pais Semanal” do dia 29 de Março de 2009. Aqui li um pequeno texto enviado por uma leitora com o seguinte titulo: “Ler é viver”. Esta senhora, com 89 anos, enviou um e-mail (?) para o jornal onde, entre outras coisas, escreveu o seguinte: “As minhas amigas perguntam-me para que quero saber tanto com a idade que tenho. Eu respondo que um grande filósofo disse que ler é viver, eu quero viver um pouco mais.”

Sou incapaz de deitar fora um jornal sem o ler (nem que demore anos) e as “minhas” Marias já estão avisadas: os jornais que deixo em Coimbra, desde o Verão passado, não contêm noticias mas sim história!