segunda-feira, 8 de março de 2010

Uma Ternura…

Antigamente era assim: sempre que íamos a Espanha e no nosso caminho ficava o “El Corte Inglês” nós, as três Marias, delirávamos! Éramos nessa altura verdadeiras fãs de escadas rolantes e, enquanto os Pais faziam as suas compras, passávamos horas piso acima, piso abaixo. Sempre que nos cruzávamos nas escadas era uma verdadeira galhofa. O Pai marcava uma hora para o nosso (re)encontro na cafetaria do último piso e este compromisso era, por nós, religiosamente cumprido. A nossa liberdade tinha este “preço”. Quando nos (re)encontrávamos era uma “festa”: tortilha de batata, fanta de laranja e…belas gargalhadas.

Hoje é assim: temos em Portugal dois grandes armazéns da cadeia espanhola e, com muita frequência, vou ao “El Corte Inglés”, em Lisboa. Normalmente vou até á cafetaria do último piso e, escadas rolantes acima (a abaixo), recordo a pequena Clarinha de há 30 anos atrás. Nesta tarde frenética de saldos não me apetece fazer compras mas, apenas (?) ler. Esta cafetaria tem a vantagem de ter o serviço mais lento que conheço em Lisboa e por isso até posso ler livros inteiros que ninguém se importa. É como se eu fosse transparente! Aproveitei para terminar um livro: “Si Te Comes Un Limón Sin Hacer Muecas” (Se Comes Um Limão Sem Fazer Caretas), de Sergi Parmies e começar outro: “Bingo” de Esther Tusquets. (Muito dificilmente poderia ter escolhido melhor os livros para esta “tarde espanhola”). Ao mesmo tempo que recordo o passado antecipo o futuro. À minha frente está uma mesa onde lancham 4 amigas com cerca de 70 anos. Imagino-me daqui a 30 anos a lanchar neste mesmo sitio na companhia de amigas (jovens da minha idade) e, com os meus livros na mão. Reparo que uma das senhoras bebe um leite UCAL com chocolate…eu vou ser assim! Não posso deixar de sorrir quando vejo um senhor idoso chegar com o seu portátil e o respectivo rato. Aqui, muito perto de mim, numa simpática mesa monta o seu equipamento e ali está todo interessado a olhar para o ecrã (e para mim). Deve pensar: o que estará a escrever?!

Antigamente era uma graça, hoje é muito giro e, daqui a 30 anos vai ser uma ternura…

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