sexta-feira, 30 de julho de 2010

A Minha Pasta Azul

O texto desta semana é um inventário de (quase) tudo o que anda(va) na Minha Pasta Azul. Esta pasta é bastante desportiva, foi comprada há cerca de 10 anos em Barcelona e acompanha-me para todo o lado. Há muito tempo que estava pensado (e prometido) um texto sobre A Minha Pasta Azul.

Primeiro bolso – aqui encontro chaves e dois carregadores de telemóvel; as chaves vão continuar a andar comigo embora não saiba o que abrem todas elas; um dos carregadores continuará dentro da Minha Pasta Azul mas, o outro passará a ficar em casa.

Segundo bolso – aqui encontro dois envelopes com fotos da Festa da Mãe, tiradas em Abril do ano passado; o que é que estas fotos andam a fazer na minha pasta durante todo este tempo?! Encontro também um rolo de fita-cola que continuará a acompanhar-me porque escrevo o meu Diário ao longo dos meus caminhos e muitas vezes preciso de colar recordações. Encontro ainda duas cartas enviadas pelo banco há cerca de dois anos atrás; estas entraram na pasta em Coimbra, com destino a Lisboa mas, acabaram por nunca sair de dentro do azul. As minhas descobertas continuam e desta vez encontro-me com uma pen drive de 1 GB acompanhada pela respectiva fita para trazer ao pescoço; esta pen continuará a andar comigo embora não tenha a mínima ideia do que terá gravado; a fita fica com a pen mas, as outras duas fitas que também encontrei vão sair deste “armazém”. Descobri um pequeno bloco de um banco onde encontro uns escritos. Tenho o vicio de escrever um pouco por todo o lado e por vezes demoro meses (ou anos) a (re)encontrar-me com os meus apontamentos. Para o final o mais surpreendente: carrego na Minha Pasta Azul 47 esferográficas, um marcador e um lápis; parece incrível mas, é verdade! (Tenho algumas testemunhas que já tinham assistido a esta contagem); 37 esferográficas de hotéis distribuídas por oito hoteis em três paises diferentes; 5 esferográficas de empresas distribuídas por quatro empresas diferentes; 1 esferográfica de um jornal; 1 esferográfica de uma campanha politica e 3 esferográficas neutras; não foi nada fácil escolher as 6 esferográficas que vão continuar a andar comigo; daqui a uns meses certamente que se terão, de novo, multiplicado!!! Tenho duas opções para diminuir o meu “património esferográfico”: começar a devolver esferográficas aos hotéis ou começar a oferecer esferográficas nos Aniversários e no Natal!

Bolso principal – Aqui está o maior peso. Encontro um velho dossier vermelho que não sei porque ainda me acompanha mas, que gosto de ter por perto porque tem um cartoon muito giro na capa. Este dossier vai continuar a andar comigo! Encontro um suplemento de um semanário com data de 27 de Maio de 2006, sobre o tema Seguros. Brilhante! Há quase três anos que me acompanha mas, hoje vai terminar no saco do papel para reciclar. Descubro 15 folhas com o Roteiro Turístico de Penela. Ando sempre com vontade de fazer a (re)descoberta turística das minhas origens. Estas folhas também vão sair da pasta hoje! Surpreendo-me com a embalagem do meu leitor de MP3 com todos os seus acessórios. Deparo-me com um boletim semestral da Acreditar, de Setembro de 2007. O meu carinho por esta Associação levou-me a transportar comigo este boletim durante cerca de 18 meses! Reencontro um velhinho caderno de apontamentos que foi comprado nos meus tempos de estudante. As poucas páginas que ainda sobrevivem vão continuar a andar comigo. Para minha surpresa aqui não encontrei nada escrito! Folheio a minha super-agenda de tamanho A4 que me acompanha para todo o lado. Releio o meu super-diário também de tamanho A4, que me acompanha sempre e ao longo de cujas páginas vivo. O actual diário começou em Lisboa no dia 19 de Setembro de 2008 e terminará um dia em qualquer sítio. Estudo o Livro das Contas, de tamanho A5, que me acompanha para todo o lado e onde anoto religiosamente todos os cêntimos que gasto. Nas páginas do actual livro tomo (e gasto) notas desde 1 de Agosto de 2006. Faço isto há anos, anos,… e anos! Descubro um pequeno livro, quase terminado, com alguns apontamentos antigos de gestão doméstica. Vai continuar comigo. Encanto-me com o Livro das Viagens: este é o mais novo livro que comecei a escrever e onde dou bonitos passeios. A sua estreia foi em Évora mas, é meu desejo continuar a enchê-lo e a saboreá-lo. O último livro que mora na parte principal da minha pasta é este livro onde “cozinho” os meus textos para “O Despertar”: 55 textos depois este livro está quase no fim. (O próximo já está em cima da mesa e muito em breve será “empastado”). Este inventário entra (finalmente) na sua recta final: ainda encontro um velhinho telemóvel que está quase sempre desligado (ficará a partir de hoje em casa a fazer companhia ao seu carregador). Encontro uma daquelas fitas de pescoço que me perseguem, relativa a uma reunião em França onde estive no mínimo há 7 anos atrás. (Mon Dieu!!!). Encontro a minha máquina de calcular de estimação (que faz as minhas contas desde os meus tempos de estudante). Encontro 25 pequenos blocos: quase tão grave como as esferográficas! Desta vez são 4 os hotéis “fornecedores” e todos eles em Portugal. A partir de hoje apenas me acompanharão 4 pequenos blocos (1 de cada hotel) mas, daqui a uns meses a Minha Pasta Azul estará de novo com lotação esgotada. Encontrei um mega-bloco de post-it que ficará cá em casa. Por último encontrei uma velhinha agenda digital, comprada há 10 anos e que fez nesse tempo as minhas delicias de “viciada” em tecnologia. Hoje não a conseguia ligar mas, depois de mudar as suas pilhas e de a voltar a pôr a funcionar, encantei-me com o que encontrei...

O texto (inventário) está terminado, a Minha Pasta Azul está mais magra e eu estou mais leve. Transportar esta pasta tem sido equivalente a transportar um armário lá de casa!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Off

Esta manhã encontrei a minha simpática vizinha do lado, da casa de Lisboa. Sempre que a vejo “faço uma festa” pois isto acontece, em média, uma vez por trimestre. (Neste meu período pré-férias prometo-me começar a parar mais na capital). A minha jovem vizinha tinha uma dúvida e contava com a minha ajuda: “Temos antena de TV no prédio?”, queria saber. Eu sou a habitante mais antiga deste edifício mas, de repente, fiquei com dúvidas. “Parece-me que sim”, respondi. Acabei por confessar que tenho em casa uma televisão que é uma TV-Rádio. TV-Rádio?!, o que é isso?! Pois bem, passo a explicar: tenho uma velhinha televisão a preto e branco que, para funcionar, apenas tem que ser ligada à electricidade. O meu “moderno aparato” tem uma antena que se estica como as antenas dos velhinhos rádios. Deste modo, nasce na minha casa um autêntico “milagre a preto e branco”. A minha vizinha achou graça à minha originalidade (assim o desejo) e acabou por concluir o óbvio: iria falar com o administrador do prédio para tirar a sua dúvida. Nestes tempos de crise fiquei a saber que há neste prédio uma cliente menos da TV Cabo. Nestes tempos modernos quando se deixa de ter este tipo de serviço, fica-se sem televisão. Há muito tempo que não me sentia privilegiada com a minha velhinha TV-Rádio!

Quando vivi em Viseu via, muito raramente, televisão em casa da minha senhoria. Quando vivi em Glasgow tinha em casa uma televisão de aluguer. A Maria, o Javi, o Aitor e eu pagávamos 2 libras por mês e melhorávamos o nosso inglês vendo os programas infantis. Recordo que nesse tempo nos “rebolávamos a rir” com o Mr. Bean! Em Barcelona vivi sempre sem TV. Se fosse possível alugar, acho que o teria feito mas, acabei por frequentar alguns cafés (o mais frequente no rés-do-chão do meu prédio). Sempre que havia um “partido de futebol” lá ia eu ao café ver o jogo, beber uma colinha e comer “un bocata de tortilla francesa”. Na minha primeira casinha lisboeta tinha uma TV que era da amiga com quem vivia mas, muito raramente, era ligada. Na casinha de Telheiras tenho esta TV-Rádio emprestada pelos Pais. Já lá vão 8 anos…”Fica comigo até comprar uma”, pensei naquela altura!!! Nestes tempos, em que passo pouco tempo em Lisboa, nem me lembro do objecto de museu que tenho em casa! A minha TV está sempre no mesmo canal e uma mudança tem que ser muito bem pensada. Nunca tenho a certeza se consigo voltar a sintonizar o canal original. É claro que nesta casa toda a gente entra a preto e branco, o que dificulta muito a identificação das equipas nas competições desportivas. Por outro lado às vezes faço comentários estranhos: “Aquela actriz veste-se sempre com os mesmos tons”. É verdade mas, apenas na minha casa (e em poucas mais). Uma das minhas grandes Alegrias é ter Maravilhosos Amigos com belíssimas televisões onde me encanto com os melhores jogos de futebol (e…como deliciosas sopas)!

Há uns anos atrás o meu sonho era ver televisão no computador portátil e quando comentava isso, os meus amigos olhavam para mim preocupados. (Estará na ficção cientifica?!). Hoje podemos ver TV em quase todo o lado mas, a minha escolha continua a ser…estar Off!

terça-feira, 20 de julho de 2010

“Da Mão Para a Boca”

Não estava fácil a escolha do tema para o texto desta semana! (Tenho tantas coisas sobre as quais me apetece escrever…). O tema livros é sempre um bom tema. Recentemente andei de novo pelas feiras do livro. Grande perigo€! Este ano andei duas vezes na Feira do Livro de Coimbra, passei pela Feira do Livro de Braga (infelizmente não a visitei por falta de tempo), fui um dia à Feira do Livro de Lisboa e passei muito rapidamente pela Feira do Livro do Porto.

O objectivo do ano é muito ambicioso: ler 40 livros. (Até ao momento apenas li 10 livros e por isso este Verão promete!). Nesta primeira metade do ano os meus livros sofreram com a “concorrência desleal”: demasiadas horas passadas na estrada, imperdiveis jogos de futebol, trabalhos de casa de alemão, preparação de aulas, etc., etc., etc.. Pelo menos gostava de conseguir ler este ano mais livros do que li no ano passado: 27 (já pareço muitas outras pessoas deste pais que trabalham para alegrar estatísticas!!!). Se passar a ler apenas livros com 20 páginas vou melhorar bastante os números. Melhor, vou começar a comprar livros á página. Já me imagino a dizer: “Queria 10 páginas do livro azul, 5 páginas do livro amarelo e 25 páginas do livro verde, por favor. Quanto é?”. Não se espantem se, dentro de umas semanas, numa visita a uma qualquer praia deste lindo pais me encontrarem, na areia, com uma estante de livros ao lado! Não, não preciso de tratamento. Sou, simplesmente, “louca por livros”. Quando, em criança, os meus Pais me deram o primeiro livro não sonhariam as consequências desse gesto…

Não posso (nem devo) terminar este texto sem falar de um dos meus livros do ano: “Da Mão Para a Boca” é (mais) um maravilhoso livro do escritor Paul Auster. Descreve um sonho que também é meu (mais um!): ser alimentada pela minha mão esquerda. O que significa isto?! Pois bem, uma coisa muito simples: conseguir alimentar-me com o dinheiro ganho a escrever (escrever). Sou (e estou) consciente que este é um sonho muito difícil mas, como não é um sonho impossível existirá enquanto eu existir… Frequentemente, nas minhas viagens, tenho que parar para escrever (tenho tanta coisa na cabeça que já não cabe lá!). É vulgar (normal?) parar nos parques das auto-estradas, ás saídas das portagens ou nas estações de serviço, e pôr a minha mão esquerda a trabalhar. Cada vez que meto a mão nos bolsos de um dos meus casacos, fico “assustada” com a quantidade de pequenos papeis, com apontamentos, que encontro. O grande desafio é, normalmente, transformá-los em textos “publicáveis” em “O Despertar”. Á semelhança do que acontece com Paul Auster também vivo o desafio de conseguir alcançar o equilíbrio entre tempo e dinheiro. Há alguns anos atrás aprendi, com o meu “Pai Holandês”, uma coisa que nunca mais esqueci: “Tempo não é dinheiro, tempo é…Vida”. Isto significa que o equilíbrio que procuro é entre Vida e Dinheiro. Mais trabalho (ou outro trabalho) significa mais dinheiro mas, significa menos tempo (e assim menos Vida). Não vale a pena ter mais dinheiro e não ter tempo para o gastar e é uma pena quando se tem tempo e não há “caroço” para o saborear. O livro “Da Mão Para a Boca” termina de uma maneira que dá que pensar: “Chegava de escrever livros por dinheiro. Chegava de me vender.” Também eu escrevo (e escreverei) para “…criar uma alternativa para ser feliz”.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

A Economia, o Basquetebol e eu

A Economia é uma ciência (social) que nos ensina a escolher a melhor alternativa de aplicação de recursos que são escassos (e que têm usos alternativos). Esta definição parece simples mas, na verdade um economista vê-se frequentemente confrontado com o dilema da decisão. A Economia foi a minha escolha em termos de formação mas, a minha carreira profissional têm-se desenvolvido no “mundo das empresas”.

O Basquetebol foi o desporto ao qual me dediquei. Desde criança comecei a ir para o Pavilhão “bater umas bolas”. O jogador que mais admirava vestia a camisola com o nº10: Eustácio Dias. Foi por sua causa que também eu vesti sempre a camisola com esse número. Ainda hoje, o número 10 é muito especial para mim! A Economia e o Basquetebol começaram a misturar-se assim que terminei os meus estudos e iniciei a minha carreira profissional. Deixei de jogar no campo mas comecei a “jogar” na empresa. O Basquetebol está presente no meu dia-a-dia de trabalho há mais de 15 anos! Nos últimos dias terminei dois livros de que muito gostei e que falam da saudável mistura: Economia e Basquetebol. “Voando com os Pés na Terra” é um livro do Professor António Câmara, fundador da empresa YDreams e Professor Catedrático da Universidade Nova de Lisboa. Ao longo das páginas deste livro, que confesso ter devorado, li com muita alegria que o Basquetebol é uma “escola de gestão”. Não podia estar mais de acordo! Quem pratica (a sério) este desporto aprende o culto pela excelência, a importância da dedicação, o gosto pela paixão, o valor da coragem, a força da imaginação e, sobretudo, o significado das palavras respeito e responsabilidade. O outro livro chama-se “Gerir é Treinar” e foi escrito pelo Prof. Jorge Araújo, um dos treinadores (e gestores) portugueses que mais respeito me merece. Só o título deste livro já me entusiasmou e ao longo das suas páginas fiz um autêntico treino de gestão. Este livro é muito leve mas, muito interessante.

Eu, esta manhã tive a força de vontade suficiente para ir “atirar umas bolas” e confesso-me surpreendida e alegre com as novas tabelas que encontrei no bairro (milagre pré-eleitoral?!). Depois de todos estes anos cheios de “cestos” posso dizer que devo muito ao Basquetebol… (Agora é tempo de começar a retribuir, na Associação de Basquetebol de Coimbra, o muito que tenho recebido!).