sábado, 12 de março de 2011

Viva o Sr. Prestações!

Um dos meus amigos diz-me, com muita frequência, que não conheço o “verdadeiro” Portugal. Segundo ele, só quem foi à tropa ficou a conhecer a(s) diversidade(s) que se encontram no nosso pais. Portugal não é só Lisboa, Coimbra, Porto, Braga, Aveiro, Leiria, etc.. O Portugal das aldeias e dos pequenos lugares é completamente desconhecido para muitos de nós e, infelizmente, começa (?) a ter cada vez menos habitantes. Está a ser muito gira a minha experiência de trabalho (e de vida) na margem sul…

Esta semana escutei, surpreendida: “…a empresa onde trabalho tem mais pessoas do que o lugar onde vivo. Isto faz-me muito confusão…”. Não consigo imaginar o que será esta sensação porque nunca a tive! “…no nosso lugar todos nos conhecemos, todos nos cumprimentamos e vai-me custar conhecer todas as pessoas da empresa…”, acrescentou o meu novo colega. As suas reflexões, à hora de almoço, iam continuando. Para minha grande alegria (e dos meus leitores) acabei por escutar uma história que me pareceu uma delícia…

O lugar de origem do meu colega é assiduamente visitado pelo Sr. Prestações. Este senhor, chega com uma carrinha cheia de produtos para vender, a crédito. Dentro do mágico veiculo podem encontrar-se artigos tão diferentes como: lençóis e televisores, calças e rádios, edredons e fogões. É verdade que os preços são mais elevados do que os preços da cidade mas, também é verdade que não existem nem papéis, nem assinaturas, nem juros. Esta forma de comércio é a que se poderá designar por comércio de proximidade, pois o “centro comercial” vai a casa dos seus clientes. Naquele lugar, tudo acontece tendo como base a confiança entre as pessoas (o que é isso?, pergunta um habitante do outro lado do rio). O Sr. Prestações “aprova” pequenos “plafonds de crédito” aos seus clientes (no montante máximo de 500€) e quando estes vão pagando, desenvolve “campanhas de marketing” com o objectivo de aliciá-los com novos produtos.

Viva o Sr. Prestações!