domingo, 7 de março de 2010

“Sustomóvel”

Um Domingo muito tranquilo passado em Lisboa. O ritual da manhã é, frequentemente, o mesmo: padaria e café. Quando estava já muito tranquila no café, a preparar-me para ler, enquanto esperava fazer o meu pedido, dei conta que me faltava o telemóvel no meu bolso esquerdo (é ali o seu sitio). Susto! Onde está o meu telemóvel? Lembrava-me de ter olhado para ele antes de sair de casa e de ter pensado: vou levá-lo.

Deixei os jornais em cima da mesa (A Bola e o DN), deixei o livro em cima da mesa (“Anos Difíceis”, de António Barreto), deixei o chapéu-de-chuva junto da mesa e…sai a correr (depois de ter avisado que voltaria). A verdade é que nunca perco uma oportunidade para correr e esta manhã tinha a minha vida facilitada pois estava “equipada” com umas confortáveis sapatilhas. Fui ao carro, vi todos os sítios possíveis e…não encontrei o meu (muito querido e já saudoso) telemóvel.

Regressei ao café com a certeza que o meu “café da manhã” não iria ser tão tranquilo como desejava (e merecia). Não conseguia deixar de pensar no transtorno que é perder um telemóvel: vou ter que avisar muita gente, como vou recuperar toda aquela informação? (números de telefone, endereços de e-mail, datas de aniversário, lembretes, etc.). Acredito que neste momento os meus Leitores devem estar a pensar: existem “back-ups” para prevenir estas situações! É verdade, poderia (e deveria) ter toda esta informação guardada no meu portátil (que também precisa de um “back-up”) ou num “não-backupável” simpático bloquinho. Confesso que um dos lembretes que tenho (ou tinha?) no meu telemóvel diz (ou dizia?): fazer back-ups (sim, tenho algum “stress digital”).

Continuando…apesar de estar preocupada com o telemóvel (ou melhor, com o não-telemóvel) resolvi ler (em “passo de corrida”) os jornais e tomar o pequeno-almoço (com muito pouca tranquilidade). O jornal desportivo mostrou-me os resultados dos jogos de futebol de ontem (tristeza no Porto e alegria em Barcelona) e o outro jornal mostrou-me a tragédia do Haiti, o sonho do poeta que quer ser Presidente e a indignação com as constantes “surpresas” do BPP. Ainda li uma deliciosa crónica de António Barreto e…regressei a casa.

Confesso que fiz a pequena viagem de carro mais rápido do que o normal (o carro precisa de “correr”) e entrei em casa em verdadeiro “sprint”. Ali, naquele cantinho em cima de um livro (“Onde Há Crise Há Esperança”, do Pe Vasco Pinto de Magalhães) estava o meu telemóvel. Olhou para mim, muito espantado, e disse: “Porque é que estavas tão preocupada? Não te lembravas que tinha ficado em casa?”. Neste dia, para minha grande surpresa, o meu telemóvel falou comigo!

Lisboa, 17 de Janeiro de 2010

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