quarta-feira, 18 de maio de 2011

Miminho de valor…

Gosto imenso de uma boa tertúlia de café. Será esta uma “herança Correia”?
Lembro-me de ser criança e acompanhar o Pai Augusto a uma tertúlia de Domingo, no café Ritz, ali pertinho daquele que viria a ser um dos meus liceus. Lembro-me da minha alegria quando deixávamos a Mamã e as Manas na “Missa dos Franciscos” e, nós os dois, seguíamos para o café. Eu era pequenita e por isso (ainda) não ia à Missa mas, sentia-me grande por ir para o café com o Papá. Já naquela altura os meus pais sabiam que me comportaria melhor no café do que na Igreja! Lembro-me que ficava muito quietinha, ali sentada ao lado do Pai Augusto e dos “senhores”. Acredito que ali se conversava sobre politica e deve ter sido nessa altura que o “vírus” começou a crescer dentro de mim.
Uns bons anos mais tarde, comecei a frequentar o Café Avenida, pertinho do Liceu José Falcão. Que giros foram esses tempos!!! Como era muito aplicada nunca faltei a uma aula para ir para o Avenida (ao contrário de muitos outros!!!) e os meus compromissos desportivos não me libertavam muito tempo para o café. No entanto, sempre que possível gostava de me juntar à “malta”.
Nos tempos de universidade o “ponto de encontro” era num pequeno café na Rua António José de Almeida e nesta altura as conversas (e algumas discussões) eram mais adultas. Começavam as primeiras preocupações com o futuro profissional e notavam-se muito as nossas divergências ideológicas, embora a amizade e o respeito saíssem sempre vencedores.
Os tempos de Barcelona foram tempos de Bougui. Este era um simpático café, que ficava ao lado do meu trabalho, onde diariamente me encontrava com os meus colegas/amigos, antes e depois de trabalhar. O prazer da tertúlia no Bougui era tão grande que, mesmo nos dias de folga, ai ia desfrutar do convívio com os meus amigos. Ao Domingo esperava que o relógio andasse rápido porque o meu café estava fechado e eu sentia a falta do “encontro”. A mesa era sempre a mesma e o pedido era “o costume”.
Os tempos de Lisboa são tempos de Kaffeehaus, fantástico café austríaco que fica no Chiado e que tanto gosto de frequentar. Os meus amigos lisboetas já sabem a que dias e a que horas é que me podem encontrar e basta aparecerem. Politica, desporto e outros temas ocupam as “horas-voadoras” que por ali passamos. Este café está há bastante tempo no 1º lugar do meu top nacional de cafés (em Barcelona é a cafetaria da livraria Laie, recentemente descoberta). Os donos (jovens austríacos), a equipa (diversas nacionalidades), o ambiente (cosmopolita), a música (agradável) e…os jornais, justificam esta liderança. Há dias, no meu café, quando estava já de saída, escutei uma coisa que não recordava escutar há anos: “Obrigada. Prazer em vê-la.” Este é um “miminho” que, como cliente, muito valorizo.

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